Nossos veículos de comunicação estão defasados. Podemos esperar de meses em meses alguma notícia bombástica, que nos faz sentir como se o mundo esteja se afundando dentro de si mesmo. Essas notícias permanecem por um mês ou dois, depois todo mundo já nem liga para o que está ocorrendo, a audiência cai e é hora de procurar algo novo para chocar, revoltar, prender em frente a tela os telespectadores. Assim foi com o menino que foi arrastado por um carro durante um assalto pelos bandidos, com o mensalão, com menina que foi jogada pela janela pelos pais... No começo da veículação dessas notícias elas causavam revolta, provocavam comentários, estavam na boca do povo. Após um tempo a TV já não fala mais nada sobre isso, a massa já esqueceu do drama formado nos bastidores. É hora de achar nova notícia para ser veículada, comentada, socada goela abaixo. E aumentar os índices de audiência...
As revistas também tem se tornado verdadeiras obras da futilidade humana, as bancas são cada vez mais tomadas por revistas de fofoca, que abordam os mais diversos e "relevantes" assuntos. O próximo capítulo da novela é clássico, qual é a graça de ler algo que ainda vai acontecer, e a surpresa fica aonde? Não se pede para contar o final do filme antes de se ir assistir, tira todo o motivo de se assistir o tal filme. Com a novela não é diferente... Dentro dessas revistas também encontramos assuntos muito interessantes, como receitas de sucesso, horóscopo, e dietas milagrosas a base de tapioca e beterraba. Dentro das revistas fúteis ainda existem aquelas que tratam apenas da vida dos artistas, famosos, pseudo-famosos-fadados-ao-esquecimento-pós-reality-show, e roupas que ninguém em sã consciência usaria um dia. O melhor dessas são as notícias, "Maria Augustina vai à praia do Leblon segunda de manhã usando uma camiseta verde oliva com rosa chicletes", e continua assim, "nossos fotógrafos de plantão flagraram a sempre em forma Maria Augustina a vontade, correndo em uma manhã nublada de segunda. A estrela da novela das 3 da manhã, preocupada sempre com o corpo e a saúde parou em uma barraca e tomou um grande copo de açai após a corrida. Logo após entrou em seu carro de 300 mil reais e foi para a sua cobertura em bairro nobre, bem longe de balas perdidas." O povo lê isso para que? Para passar raiva? Ou será que alguém sonha em poder sair correr segunda de manhã, com uma roupa ridícula, tomar um açaizinho e ir para casa descansar, em vez de ter que acordar cedo, enfrentar ônibus, trânsito, empurrão, engarrafamento, cansaço, chefe chatoe no final voltar igualzinho? A vida é correria, e não igual a dos famosos.
O que mais me deixa sem entender nada é pagar 10 reais por algo do tipo, porra, quem que paga para se sentir mal. Mal, claro, pois é impossível se sentir bem vendo o que essa gente faz no seu dia. Seria interressante se as notícias falassem de fulano cheirando em boate do Rio, cheirando cocaína mesmo e não cheirando mal igual a gente quando volta no latão lotado de tarde, ou de ciclano, bem casado, saindo caindo de bêbado com três loiras peitudas de casa de shows em São Paulo. Ai quem sabe eu folheasse determinada revista na banca, talvez até visse meu horóscopo. Depos disso continuaria na correria, a minha, não a dos fúteis!

A merda da sociedade esta grudada em você. Grudada não, você é tudo que a sociedade possui de ruim. E isso é bom. Quanto pior a sua pessoa seja, melhor é para a NOSSA sociedade. Queremos intelectuais decadentes, imersos nos álcool. Queremos mendigos geniais, gente sem perspectiva nenhuma, a não ser a sua. Queremos você! Que dirige e bebe. Que sabe que qualquer vida não é mais valiosa quanto a sua. Queremos te matar e morrer por você.
Ao nosso lado esta o degradante, o podre, o sujo. E é com isso que me sinto bem. O que me importa é o coração.
Morra, mate, morra, mate. Apenas não se esqueça de ser você mesmo. Pois você é importante para o mundo. É você que constrói algo. É você que vai estar junto de nós na revolução. E ela não será televisionada!!!

Todos tem prazer em dizer que são o que são. Ninguém tem opinião manipulada, ninguém se guia pela moda nesse mundão moderno. Até que ponto isto é verdade?
Você escuta o que quer ou o que toca? Vê o que deseja ou o que é transmitido? Gosta do que lhe agrada ou do que seu grupo social acha legal?
Você é manipulado, controlado. Socado por informações desnecessárias ao seu eu o tempo todo. Não existe mais a possibilidade de escapar dos tentáculos manipuladores do mundo moderno.
Tudo é legalzinho, tudo, absolutamente tudo, tem um público. Você é o público de tudo, não assiste mas sabe o que acontece, não ouve mas sabe cantar, não gosta mas tem, vai...
Até que ponto seu senso crítico lhe permite a honrosa opção de escolha? Até onde você consegue chegar, sozinho, preso nos seus gostos e crenças? Hoje é legal ser moderno, o que não se sabe é que o moderno já é ultrapassado. Todo mundo tem, sabe, assiste, ouve, possui. Possui dentro do mais podre do seu eu aquele desejo de ser igual as massas. Vamos nos chamar por números um dia (triste realidade futura), e vamos ter as mesmas coisas, um "socialismo" forçado por assim dizer. Basicamente manipulação.
A opção de escolha existe, eu não vivo um reality show ridiculo, não vou ganhar um milhão (nem quero), apenas por viver com quem não gosto mostrando ser uma pessoa que não sou. Não vivo na futilidade, compro (quando compro), o produto e não a etiqueta. Não sou noticia em revistas de fofoca quando vou a praia ou quando compro uma camiseta de 300 r$ azul com rosa.
A escolha existe, sem porcaria de pilula nenhuma!

Bem vindo ao circo dos horrores!
Um lugar aonde o palhaço chora, onde o equilibrista é desequilibrado mentalmente e a mulher barbada usa, agora, apenas bigode e costeletas.
Bem vindo ao seu mundo, a sua vivência.
Tudo o que você ve e sente, tudo o que é absorvido pela sua mente.
Tudo o que é infinitas vezes forçado até sua central de processamento e que você não descarta. Não é descartável. Você não é descartável!
Bem vindo ao mundo, insano, de fracasso iminente de uma cultura do ter, não do ser. O ser não importa.
Seja ser humano ou ser vivo apenas. Ser alguém. Para que? Para ter algo.
Bem vindo a pressão que quase explode seus miolos e que faz qualquer perspectiva do longínquo e impossível futuro se esvair.
Bem vindo ao formato imposto pela dita sociedade civilizada, que pisa no que não é.
Bem vindo a festa onde mendigos, pobres e miseráveis dançam, sem se importar com o frio, com a barriga vazia.
Bem vindo ao mundo da bomba nuclear, da fome.
Da ostentação de riquezas, da centralização dos tesouros.
Da revolta solitária, das palavras gritadas ao vento.
Das notícias, que por mais revoltantes, lhe atingem por apenas um segundo.
Bem vindo ao caos, a fumaça, aos entulhos.
Tudo de degradante se encontra aqui. Vícios, desvios morais, mentiras. Tudo o que você nunca quis ver, e que se encontra aos seus pés, dentro de você.
Tudo o que é degradante e sujo se encontra dentro da mais normal normalidade!